Era da Desinformação

A tarefa era simples. Comprar uma caixa adicional de piso para terminar a reforma.
Reforma e construção são duas palavras que permeiam o sonho de muitos. Até o momento em que elas se tornam realidade. E se transformam em pesadelo.

De posse da Nota Fiscal – com data da compra, número do pedido e código do item comprado – a ação seria imediata. Entrar na loja, pedir uma caixa a mais, e sair com o produto.

E quais são as medidas? – indaga o vendedor.

Medidas? Na Nota Fiscal leio 45×45. Mas isso não importa, porque as medidas dos pisos normalmente variam.

E qual é a bitola?

Nova surpresa.
Mas estamos na Era da Informação. Onde sistemas informatizados rastreiam tudo e a todos. E a tão defendida liberdade se torna cada vez mais restrita e vigiada. Existiria algo mais simples do que descobrir qual lote do piso a própria loja entregou?

A proposta foi consultar a experiência. Um vendedor experiente saberia dizer como conseguir esta informação.
Não é possível saber qual piso você recebeu. Você guardou as caixas originais do produto para identificar o lote, as medidas e a bitola? – dispara a experiência.

Em plena campanha mundial a favor do meio ambiente, o apelo de um conjunto de caixas de papelão como salvadoras do mundo é muito forte. A esta altura, as preciosas caixas cumprem seu papel de salvar árvores.

E o Sistema? Para os vendedores, essa informação não existe em sistemas. Inconformado, a experiência apela para a aparência afirmando que 20 anos trabalhando com pisos lhe dão sapiência suficiente para afirmar que não é possível encontrar esta informação.

Grande parte das empresas é alheia à quantidade de informações geradas pelos sistemas. Ou pelo menos alheia à importância da recuperação e divulgação a todos os níveis da empresa, de como obter estas informações.

Investimentos maciços em termos mágicos como Business Intelligence (BI), Data Warehouse e Data Mining se perdem ao não considerar o fator mais importante destas equações: o humano.

A comunicação e capacitação dos colaboradores nas estratégias e soluções adotadas pelas áreas de Tecnologia (T.I.) são essenciais para o real sucesso destas ações. Aquele no qual o benefício da solução está no favorecimento do negócio pelo seu uso.

Acredito que a área de TI estava um pouco distante daquela loja. Talvez um problema geográfico. Mas a informação estava lá, a poucos cliques de distância.

Foi preciso ir até outro atendente, este com acesso a um computador, e pedir para acessar as informações do pedido. Lá estava o número. Um desses grandes que ninguém presta muita atenção.

Sempre aparece um número assim no pedido. Acho que é do Código de Barras. – informa a atendente.

A informação existia. A desinformação também. Uma solução tecnológica que o vendedor nunca aprendera a usar e que teria mudado o discurso da experiência. Há pelo menos uns 5 anos.

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Comments

  1. Otimo artigo! Aconteceu comigo tambem…. os usuarios nao saber extrair informacoes do sistema alem das rotineiras…. vim parar eu seu blog atraves do site de seu pai…. Abraço!

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  2. É muito comum acontecer isso, principalmente em estabelecimentos que não têm a devida preocupação com o preparo dos seus empregados e colaboradores.
    Gostaria de mais informações sobre “DESINFORMAÇÃO” e quais medidas para combatê-la.

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  3. Tecnologia não muda realidade.
    Pessoas mudam realidade.
    Se forem sensibilizadas para tal.

    Mas em matéria de TI a relação com o nível operacional é a imposição: ninguém (ou quase ninguém) pergunta a opinião daquele que vai operar o “novo sistema” todo dia e o dia todo ou analisa o impacto que esta mudança irá trazer.

    Resultado: antipatia imediata.

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