Khan Academy – Educação para Todos

Publicado também no blog Gera Caos.

Khan AcademyPara Steve Blank – autor de The Four Steps to the Epiphany – um dos seis tipos de startups é a Startup Social. Não aquela relacionada a Social Media, mas uma que busca trazer um impacto positivo acima da busca de receitas ou lucro.

E Khan Academy é uma dessas.

Tudo começou em 2004 quando Sal Khan resolveu criar videos no YouTube para ajudar seus sobrinhos nos estudos de Matemática. De sobrinhos a amigos, os vídeos começaram a ganhar popularidade e Sal criou a Khan Academy em 2006.

Hoje, com mais de 2700 vídeos, Khan Academy se tornou uma referência de um modelo de educação acessível e efetivo para qualquer um que queira aprender – ou relembrar – conceitos de Matemática a Biologia, História da Arte a Física.

A missão é simples: oferecer educação a todos com uma dinâmica mais próxima ao aluno do que livros podem trazer. E menos cansativas do que aulas gravadas.

Não acredito que Khan Academy tenha sido o primeiro a apresentar aulas online. Várias universidades norte-americanas já publicam suas aulas na web. A inovação desse conceito está, primeiro no formato dos vídeos. E segundo, no futuro planejado para a iniciativa.

Com vídeos durando aproximadamente 10 minutos, Sal explica os mais diversos conceitos e teorias como um bate-papo. Próximo e pessoal.

Khan Academy Knowledge MapE para o futuro, Khan Academy permite que educadores e professores acompanhem o progresso de alunos durante os estudos usando um “Knowledge Map“. Desta forma os alunos podem progredir no seu próprio ritmo e ter o apoio dos professores nos pontos de maior dificuldade. A sala de aula se torna um local para interagir com outros alunos e com professores sobre os tópicos. Participação ativa. Grande contraste com o modelo passivo de educação.

Diversos voluntários trabalham agora na dublagem dos vídeos para outros idiomas. O canal em português já conta com mais de 400 vídeos.

Com os resultados obtidos até agora – com mais de 100 milhões de views em seus vídeos – Khan Academy aponta para um novo modelo de aprendizagem que pode beneficiar muitos que não tem acesso fácil a boas instituições de ensino. E motivar essas instituições a apresentar melhorias no próprio sistema de ensino para se manter no páreo.

Khan Academy é um bom exemplo da Startup Social. Com desafios tão importantes – ou maiores – que a busca do retorno financeiro: retorno humano.

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Tonara – para músicos dos tempos modernos

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O mercado de partituras já foi maioria na indústria da música.

Com a invenção do fonógrafo e a popularização de formas de gravação e distribuição, as gravadoras tomaram a frente da indústria desde o século 20.

Mas o mercado de partituras não morreu e está estimado ainda em mais de USD 2bi/ano.

Quem já estudou música sabe que vai acumular uma boa quantidade de partituras durante o estudo, e muito mais caso siga profissionalmente.

Os primeiros passos na ‘modernização’ dessa industria de partituras trouxeram aplicativos para edição e distribuição digital de partituras. Mas não era tão fácil levar um computador – ou mesmo apenas um monitor – em apresentações públicas como as executadas por orquestras.

Com o surgimento do iPad a discussão tomou novo corpo e se multiplicaram as apps para exibir partituras no iPad – muitos adotando formatos como PDF para facilitar a transferência das partituras do papel para o digital.

Mesmo assim, um problema centenário continua um incomodo das partituras: a virada de página. Seja ela em papel, ou digital. Tanto que existem profissionais responsáveis por essa atividade.

Tonara, uma empresa que lançou uma app para o iPad em Setembro, busca resolver esse inconveniente e se tornar uma forte aliada do músico durante uma performance. E vender muitas partituras.

A tecnologia desenvolvida por essa start-up de Israel faz com que a app acompanhe a música sendo executada e vire a página no momento certo. Não importa se o músico aumente ou diminua a velocidade. Basta acertar as notas.

Com um investimento inicial de USD 750 mil, Tonara afirma que a app é capaz de acompanhar diferentes instrumentos tocando simultaneamente – onde cada iPad representaria uma das partituras corretamente. A app (disponível na App Store: http://itunes.apple.com/us/app/tonara/id454753605 ) traz algumas partituras gratuitas e acesso a uma loja on-line para aumentar a sua coleção.

Inclusive, um grande espaço para expansão da loja on-line seria permitir o uso da plataforma para publicação de partituras por compositores independentes. Atualmente um compositor recebe em torno de 10% em royalties por partitura vendida. Da mesma forma que o mercado de livros vem sendo redefinido com um número cada vez maior de autores publicando (e distribuindo) seus próprios livros, o mercado de partituras poderá seguir no mesmo caminho, tendo uma plataforma adequada.

Realizei um teste com uma das partituras disponíveis e o resultado foi bem interessante, me acompanhando mesmo durante diversas variações de tempo (velocidade). Em alguns momentos porém a app parecia se perder por alguns segundos, retomando o lugar corretamente, o que mostra existir ainda espaço para melhorias.

Não tenho números do mercado de partituras no Brasil, mas o rápido acesso a compra de partituras e a facilidade de uso da mesma durante a execução da música são pontos importantes que esta start-up conseguiu apresentar. Resta saber se, em um futuro breve, partituras em papel serão página virada.

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Square – Inovação em Série

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Em 2009, Jack Dorsey (um dos criadores do Twitter) começou a trabalhar em um novo projeto depois de ouvir a estória de um amigo que não havia feito uma venda pois não podia aceitar o pagamento via cartão de crédito. Em Maio de 2010 era lançado o Square.

Square é um serviço que permite qualquer pessoa receber pagamento via cartão de crédito. Mesmo sem ter uma empresa ou contrato com operadoras de cartão. Imagine profissionais liberais, de serviços e mesmo vendedores na informalidade, recebendo pagamentos por cartão de crédito. Um grande potencial de mercado.

No começo do ano me inscrevi no Square (disponível nos Estados Unidos apenas). Basta baixar um app (iOS ou Android) e você recebe em casa o leitor de cartão de crédito.

E esta foi a primeira inovação. O leitor de cartão consegue reconhecer a tarja magnética e transfere os dados do cartão para o celular através da entrada de microfone. Um leitor simples, um serviço acessível.

Modelo de negócio? Square cobra 2.75% de cada transação. Nos Estados Unidos as operadoras de cartão cobram entre 0.50% e 2.25% por transação + uma taxa mensal. Mas a empresa precisa passar pelo processo de cadastro.

No Brasil, empresas como Redecard e Cielo oferecem a opção de receber pagamentos em cartão via celular. Mas ainda precisa entrar todos os números do cartão manualmente. E se não fosse apenas isso, o custo para o lojista varia entre 2% e 5% por transação.

Mas o Square não parou por aí. Em Maio deste ano, lançou a app Card Case para o consumidor cadastrar seu cartão de crédito e fazer pagamentos por cartão, sem o cartão. Praticamente ‘matando’ a própria necessidade do leitor da Square.

Na velocidade com que novos modelos de negócio surgem e ganham espaço, é cada vez mais importante atacar diretamente o risco conhecido como o Dilema do Inovador, onde existe um grande perigo de uma empresa manter “o time que está ganhando” mesmo quando identifica uma nova oportunidade. Um risco cada vez mais fatal.

Quando se fala em inovações na área de pagamentos, o assunto que mais aparece é a utilização de NFC (Near Field Communication) que é um chip que vem sendo colocado dentro do celular (ou de alguns cartões de crédito também) que permite trocar dados com um leitor apenas pela proximidade (em torno de 3 a 10 cm). O Google é uma empresa que está apostando em NFC integrado no Android para ser usado como pagamentos: é o Google Wallet.

Ao invés de tirar o cartão de crédito do bolso (e da carteira), bastaria tirar o celular do bolso e aproximá-lo do leitor.

Mas por que imitarmos o processo de tirar o cartão de crédito da carteira mostrando o celular quando podemos deixá-lo no bolso? Square apresentou essa semana uma nova funcionalidade do Card Case para pagamentos por Geo-Posicionamento. Se estou cadastrado no serviço e abro minha conta em um estabelecimento participante, no momento de pagar basta eu dizer meu nome para o caixa. Meu cadastro vai aparecer lá, com foto, e o pagamento é efetuado.

Como estou com o celular no bolso, o serviço Square valida que estou naquela região (GPS) e o caixa – pela foto – confirma que eu sou a pessoa mesmo. Na mesma hora recebo uma mensagem no celular que o pagamento foi efetuado – uma medida de segurança a mais. Nesse momento, comprar nem parece custar. E esse é o maior perigo desta inovação.

Cada vez mais, a melhor tecnologia não é a que tem mais siglas ou funcionalidades mas aquela que desaparece da vista de cada um. De tão intuitiva e simples. E essa simplicidade que pode alterar toda uma indústria.

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Composição: Marching Bells

Depois de um rápido vislumbre das possibilidades que compor traz com a criação de Park Sonata percebi que para ter novas ideias precisaria prestar mais atenção ao ambiente ao meu redor. O que poderia me inspirar a escrever a próxima linha melódica, ou a próxima música?

Acredito que isso seja similar ao processo de escrever. Para se criar esse hábito de escrever, mais do que a disciplina, é preciso ter assunto! Então tudo ao se redor se torna um potencial assunto…

O dia agora é 4 de julho de 2009, feriado da Independência nos Estados Unidos.

Convidado por um amigo para assistir à queima de fogos em Nova Iorque, foi lá onde a primeira ideia para Marching Bells apareceu.

Acredito que música, assim como outras formas de arte, é interpretada de forma diferente por cada um que é exposto a ela. Então eu sugiro você escutar primeiro e formar sua interpretação somente para depois ler o detalhe, do que eu chamaria: a “Versão do Compositor

Marching Bells

Creative Commons License

O que veio a mente naquele dia foi a melodia principal. O arranjo completo saiu 2 dias depois, em 6 de julho.

Agora se você prestar atenção na melodia principal, nas notas mais destacadas, esses são os fogos que vi – e ouvi – naquele dia. Em camera lenta. E expressos em notas musicais.

Inspiração pode vir diferentes lugares, pessoas, situações ou palavras. Precisamos apenas escutar mais.

Baixe e distribua!

Marching Bells por Lucas Persona é licenciado sob a Licença Creative Commons Atribuição-Uso não-comercial-Compartilhamento pela mesma licença 3.0.

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Composição: Park Sonata

O que é preciso para se compor uma música?
Mesmo depois de compor algumas eu ainda não tenho a resposta.

Cada uma parece ter seguido um processo diferente. Algumas levaram um longo período para ficar prontas. Outras me vieram completas de uma só vez.

Park Sonata é a minha primeira tentativa em compor – em parte porque não queria mais seguir um roteiro (partitura) já pronto, e também porque estava intrigado com essa possibilidade de criar.

E foi uma noite de insônia em Maio de 2009 que fez surgir as primeiras notas. E fiquei tocando naquela noite a primeira parte dessa música como em um ciclo contínuo que me ajudaria a relaxar.
O restante da música veio alguns dias mais tarde.

Park Sonata

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E essa música é exatamente isso, um passeio no parque.
Despretensioso no início mas que é envolvido de forma crescente com o passar do tempo naquela atmosfera. Até que mingua. E termina em paz – assim como um dia no parque.

Baixe e distribua!

Park Sonata por Lucas Persona é licenciado sob a Licença Creative Commons Atribuição-Uso não-comercial-Compartilhamento pela mesma licença 3.0.

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